Saturday, March 23, 2013

VALDEMAR E O REGRESSO ANUNCIADO



EDITORIAL

José Sócrates está de volta. É verdade.
Bom, na  verdade...nunca se foi embora. Tem sido uma assombração permanente que atormenta os socialistas em geral e António José Seguro, em particular. Quer seja a sua presença em Paris, onde vivia no mais desbragado luxo, enquanto estudava filosofia, quer seja quando surge como consultor de uma multinacional farmacêutica, para a América do Sul. Sempre envolvido em polémica, como é seu gosto.
Mas desta vez José Sócrates surpreendeu mesmo aqueles que pensavam conseguir antever o seu futuro político e foi convidado  para ser comentador político, na RTP, a partir de Abril. 
Como seria de esperar, as mais variadas reacções não se fizeram esperar e imediatamente insultos e impropérios indignados fizeram-se ouvir. Como reacção, outras vozes se ergueram defendendo o direito de Sócrates a comentar a realidade do país e a exprimir a sua opinião, por muito polémica que seja. A verdade é que José Sócrates sempre teve o condão de polarizar opiniões. Ou se ama o iluminado, ou se odeia a besta. E outra verdade é que Sócrates sempre se alimentou disso. Nunca se preocupou em ser consensual. Nunca evitou o confronto. E nunca se preocupou em esconder que gosta disso.
O Valdemar confidenciava-me que alguns dos que mais se opõem à ideia até são socialistas. Porque sabem que semanalmente a cara de José Sócrates vai surgir nos monitores. E com ele, vem à memória o caos a que o país foi levado por um primeiro ministro desastrado, suspeito de sofrer da síndrome de Hubris. E os socialistas sabem que, para voltarem ao poder é essencial que os portugueses esqueçam as responsabilidades socialistas em toda esta tragédia. E claro, o governo esfrega as mãos de contentamento.
E depois há quem se indigne com o facto de estes comentários acontecerem na RTP. A estação pública. O canal que todos nós pagamos. Se tal acontecesse na TVI ou na SIC...bom seria menos grave. Afinal de contas, são privados, não há ali dinheiro público, etc...etc. 
Acontece que quem diz isso esquece  que a RTP serve exactamente para isso, como dizia o Valdemar, na sua crónica de 12/12/12. Ao longo da sua história o canal público tem sido usado como ferramenta política, um trampolim para impulsionar carreiras, para limpar manchas de passados nebulosos, para ataques pessoais mais ou menos encapotados e para ajustes de contas. Portanto, claramente para a RTP esta é uma má notícia.
A boa notícia é que, aparentemente os comentários de Sócrates vão ser sem custos para a RTP. Ou para o país...
Porque é isso que a RTP e Portugal precisavam. Um comentador SCUT...

Thursday, March 7, 2013

VALDEMAR E O SALÁRIO MÍNIMO


EDITORIAL

Com o candura que lhe é costumeira, Passos Coelho, durante o debate quinzenal na Assembleia da República, declarou que atendendo à actual situação do país, a solução mais sensata seria baixar o salário mínimo, mas que optou por não o fazer devido ao mesmo ser já muito baixo.
Passos Coelho, demonstrando uma argúcia inesperada, descobriu a principal razão para a crescente taxa de desemprego, para a diminuição do PIB e da estagnação e retrocesso da economia.
Não é a brutal e obscena dependência do Estado e dos avales do Estado, em que muitas firmas vivem.
Não é da falta de estratégia de muitos políticos e gestores, preocupados apenas em navegar à vista de terra, sem rumo, visão ou coragem.
Não é devido aos ruinosos negócios das famigeradas PPP, que asseguram ao Estado o ónus da má gestão e aos privados a carne do lombo.
Não é devido a negócios sórdidos e nebulosos que envolvem submarinos, onde parece que houve corrupção mas não corruptos.
Não é devido aos impostos exorbitantes que sufocam as empresas de pequena e média dimensão, que são as grandes empregadoras.
Não é devido a uma banca completamente irresponsável e sem controle, que depois de ter emprestado dinheiro a tudo o que tivesse pulsação (até ao Valdemar para o transplante do fígado), se recusa a conceder empréstimos a empresas desesperadas por crédito, quando foi o Estado que lhes facilitou esse dinheiro.
Segundo Passos Coelho, afinal a culpa é dos trabalhadores que ousam exigir 485,00€ a quem lhe paga.
Bom.. a verdade é que a culpa é mesmo deles. Não pelo que ganham... mas sim porque votam...
Porque são eles que, indignados com a incompetência política e técnica deste governo, com os seus avanços e recuos, com os seus desnortes e polémicas, se vão lançar nos braços de António José Seguro, outro político forjado nos fornos das juventudes partidárias, que em nada vai ser melhor ou diferente do actual primeiro-ministro. E pelo caminho esquecem que vão eleger o mesmo partido que há menos de 2 anos ajudou a cavar este buraco sem fundo, pelas mãos de um aventureiro sem escrúpulos nem competência.
Dizia-me o Valdemar há dias que a actual bitola para se ser primeiro-ministro é baixa, ao nível da linha da cintura dele. E eu, olhando para a cintura do Valdemar que quase lhe chega aos joelhos, tenho de concordar....